Cidinha Alves: um ser humano em constante aprendizado
Te livraste, mulher, deste cenário antigo.
Dança agora num chão novo, debaixo de um novo céu, banhada de alegria, sabedoria e boa sorte.
Diante do límpido espelho de Lótus podes ver a ti mesma.
A vida pura que vês rica, linda e aconchegante – amor e pão dará a todos – e todos em ti confiam.
(Fragmento do poema de Daisaku Ikeda, Para aquelas que preservam a dignidade da vida)
Assim que se inicia um diálogo com Maria Aparecida Alves de Oliveira, é praticamente impossível parar. Dona de uma força e uma ternura incomparável – Cidinha como é conhecida – é capaz de despertar em qualquer ser o desejo irrefreável de ser mais e melhor. “Nesses 32 anos, desde que me associei à BSGI, foram muitos os desafios enfrentados e muitos objetivos concretizados e acredito que assim será por toda a vida, pois já fiz minha decisão de jamais me afastar do caminho do humanismo, não importando o que aconteça!”, exclama.
A liderança se estampa em cada frase, sem contudo transparecer qualquer resquício de soberba. “Venho de uma família simples, tenho cinco irmãs e um irmão, meus pais não tiveram nenhum estudo e quando conheci a BSGI não tinha muitas expectativas em relação ao futuro, tudo era muito difícil e qualquer coisa que fugisse ao cotidiano já era considerado um sonho impossível”. Porém, ao se deparar com a filosofia humanística do budismo de Nichiren Daishonin, base de todas as ações da BSGI, tudo mudou. “A crença de que todas as pessoas são budas e que, portanto, o potencial para a mudança se encontra ao seu alcance, me motivou a desenvolver ainda mais. Passei a ter esperança e a lutar por um futuro melhor, pela transformação do meu carma e de minha família”, explicou.
Dedicando-se com afinco aos estudos, tanto os acadêmicos como da filosofia que escolheu abraçar, dia após dia, com o passar do tempo foi comprovando em sua vida a grandiosidade dos ensinos do mestre Nichiren. Seu primeiro objetivo foi passar em um concurso público federal, onde trabalha até hoje. Casou-se dentro da filosofia e teve sua filha. Toda a família hoje é associada e atua diligentemente pela construção de uma sociedade verdadeiramente humanística para edificar uma paz perene.
O sonho do curso superior se realizou somente após a formatura da filha. Cursou Psicologia porque desde pequena já se perguntava sobre o mundo, a vida e o porquê das relações. Estudiosa e observadora, assistia intrigada o modo como as pessoas agiam, gesticulavam e riam. “Adoro gente, adoro ouvir as pessoas falando e contando suas histórias. Eu achei que a psicologia me daria o conhecimento sobre as pessoas”.
Dessa forma, aos 45 anos iniciou o curso dos seus sonhos. Foi onde conheceu e se aprofundou no trabalho de Carl Gustav Jung. “Pensei: ‘isso aí tem muito a ver comigo’. Pois ele une o conhecimento da filosofia de Nichiren com o conhecimento da psicanálise, e o meu objetivo era esse, de que maneira eu poderia utilizar todo esse conhecimento no movimento da SGI ao qual eu já dedicava a minha vida”, conta entusiasmada. Escolheu como foco, as mulheres, pois crê que elas têm esse papel fundamental de transformar o mundo, de fazer a paz, por meio da força de sua ternura maternal.
Cidinha enfatiza que o grande mérito da Soka Gakkai enquanto organização social é o elo arduamente cultivado entre os associados que se unem, se ajudam e se empoderam juntos. Veteranos = mestres, e novatos = discípulos. Os primeiros, sensíveis e sempre prontos a compartilhar o conhecimento sem soberba, mas com rigorosa precisão; e os últimos, sujeitos ávidos por aprender, gratos pelo compartilhamento de saberes. Unidos eles promovem o bem estar de si, de suas famílias e de todo o seu entorno.
Ela cita o presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda, o grande veterano que aos 88 anos encontra-se em plena atividade, com o firme propósito de deixar aos seus novatos um legado de realizações para consolidar o caminho tão arduamente construído. Ikeda citou em meados da década de 1970 que o século XXI seria o Século das Mulheres. “Então quando o dr. Ikeda fala das mulheres, eu fico pensando, ele conclama a todas nós que é chegada a hora de despertar. É você que pode fazer um mundo novo”, ressalta.
Cidinha relembra que o inconsciente coletivo guarda em sua memória todo o repositório de experiências da humanidade que já passou por um matriarcado e um patriarcado. Hoje a metade feminina da população está despertando novamente para o seu potencial, mas com a sabedoria de quem já vivenciou o poder e sabe o quanto ele pode ser maléfico se não for calcado em uma firme filosofia que permeie a vida.
A mulher de hoje sabe que o equilíbrio entre as forças é a melhor solução para os conflitos. Nem acima, nem abaixo, mas junto.
“Eu acredito que quando as mulheres se dão conta da sua real identidade, são capazes de transformar tudo, e quando conhecem a filosofia do budismo de Nichiren Daishonin o ciclo se completa, conseguem fazer um processo de conscientização de quem é, e que tudo que a gente faz em prol do outro, reverte para si mesmo multiplicado”, explica. Jung fala em processo de individuação, que na filosofia de Nichiren é a transformação interior e a Soka Gakkai denominou de Revolução Humana.
Nesse processo de individuação, Cidinha enfatiza que jamais pensou em desistir, mesmo diante das mais extremas dificuldades. Estudou, trabalhou, cuidou da filha, do lar, e de todas as responsabilidades dentro da BSGI. Nunca negligenciou uma parte sequer. Embora a recompensa material a tenha alegrado sobremaneira – ao final do curso, ela e a família viajaram a Paris – o ganho maior foi a sua plenitude. Que lhe deu a segurança para emendar um curso de pós graduação, em Psicologia Junguiana. Ali encontrou novas ideias e novas possibilidades de crescimento, tanto pessoal, como profissional e também dentro da organização. A qualquer pessoa perguntada sobre ‘quem é a Cidinha Alves?’, a resposta invariável será: ‘é uma pessoa incrível! Um ser humano fantástico!’.
“Esse ano estou me preparando para produzir a minha monografia de conclusão de curso e o tema será voltado para o universo feminino, pois sinto que precisamos incentivar as mulheres a redescobrirem sua força e a exercerem seu papel de educadoras dentro dessa sociedade tão caótica e desumana, principalmente no que diz respeito à educação dos filhos. Pois cuidando dessa geração que aí vem eles terão condições de construir um futuro melhor para a humanidade e para o nosso Planeta. Pretendo desenvolver projetos e atuar de forma a contribuir ainda mais para a conscientização e desenvolvimento das mulheres dentro e fora da organização”, finaliza Cidinha.
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