“Desafiar as dificuldades fortalece o poder de transformação, inerente ao ser humano. Até uma tragédia pode lhe servir para o cumprimento de sua missão.” (Daisaku Ikeda)
Jovenito: um homem empoderado!
A história do empoderamento de Jovenito Carvalho Tavares é mais do que incomum. Sua trajetória de vida é o retrato de um ser humano que – literalmente – tomou o próprio destino nas mãos e o transformou.
A extrema pobreza foi a marca de sua primeira e segunda infâncias, e mais a adolescência. Nascido em Duque de Caxias-RJ, é o penúltimo filho de uma prole de oito irmãos. Antes dos dois anos perdeu a mãe no parto do seu irmão caçula. A miséria impõe circunstâncias emergenciais e, diante da total ausência de recursos, seu pai se viu obrigado a dar os filhos a outras famílias.
Sabe que até os 6 anos de idade viveu com diversas famílias até chegar à última. Vivia em uma casa grande e abastada. Certo dia, após ser seguidas vezes ultrajado e humilhado por uma das empregadas da casa, fugiu. Em sua fuga encontrou um grupo e os acompanhou até um lixão. Mal sabia que aquele seria seu lar por longos 10 anos. Acolhido por uma alma bondosa que ali vivia, deixou-se ficar neste limbo, levando uma vida irreal.
Os dias se resumiam a vasculhar o lixo desde o raiar do sol e, ao cair da noite, tentar dormir. Não saiu de lá uma vez sequer durante todos aqueles anos. Porém, um acidente mudou completamente sua rotina e sua vida. Uma séria infecção decorrente de um ferimento no pé resulta em sua internação em um hospital. Delirando de febre, Jovenito fica entre a vida e a morte. Meses se passaram até que o rapaz de 16 anos sobrevive. Ao sair do hospital curado, se vê diante de um mundo que desconhecia. Decide ficar na cidade, mas antes, volta ao lixão para buscar a mulher que o acolhera como uma verdadeira mãe. Recebe novo choque ao saber que ela falecera. “Me disseram que ela simplesmente amanheceu morta”, conta. A vida parecia que estava realmente disposta a colocá-lo à prova.
Sem documento, analfabeto – nunca havia sequer passado pela porta de uma escola – e sem lugar para ir, Jovenito permaneceu nas imediações do hospital, prestando pequenos serviços ao público que acorria em busca de atendimento. Um dia vê um homem cair na rampa e corre em seu auxílio. Carrega-o nas costas dizendo: “agüente firme que já estamos chegando”. Vítima de um enfarto, não fosse pelo jovem rapaz, teria morrido. Algum tempo se passou até que este homem recebesse alta. Buscou o rapaz que lhe salvara a vida.
Professor e proprietário de uma pequena escola, Benilton Carlos Bezerra, tornou-se seu tutor, pai, mentor. Deu-lhe as funções de vigia e faxineiro e um quarto nos fundos da escola que equipou com cama, fogão e geladeira. Era muito mais do que Jovenito jamais tivera! Ajudou-o a conseguir os documentos, não sabia sequer o sobrenome ou os nomes dos pais. Matriculou-o em um supletivo noturno e durante o dia, estudava com o patrão e mentor.
A vida prosseguia lépida e tranqüila. Entretanto, a verdadeira revolução ainda estava por vir. Na escola noturna conheceu Carolina, moça bela e talentosa com quem começou a namorar. Ela possuia um tesouro, mas nem sabia disso. Anos antes, seu irmão mais novo decidira-se por associar-se à BSGI e converter-se. A menoridade impedia-o de receber o objeto de devoção – o Gohonzon –, essencial para sua prática da filosofia humanística do budismo de Nichiren Daishonin, base da BSGI. Pediu à irmã que o fizesse por ele, no que aceitou de bom grado. Ao completar 18 anos, o jovem decidiu receber o seu próprio Gohonzon, para deixar o anterior com a irmã, pois sabia de seu valor inestimável.
Às vésperas do casamento, Carolina contou ao noivo Jovenito a história de sua involuntária conversão. Imediatamente Jovenito decidiu procurar alguém para devolver aquele objeto que não lhe pertencia e pelo qual não tinha qualquer interesse.
“Proponho que você ore, todos os dias por uma hora por 15 dias a este Gohonzon. Se nada mudar em sua vida, eu aceito de volta e, junto, eu devolvo o meu, que me acompanha há 30 anos!”, disse o homem que procurara para devolver aquele objeto de devoção. Jovenito assustou-se com a determinação de sua voz. Ele fora desafiado e algo o fez aceitar o desafio.
Voltou para casa e, como estava às vésperas do casamento e pedira férias ao patrão, tinha o dia livre. Em vez de uma, orou duas horas. Não queria que o homem viesse com o argumento que os resultados não aconteceram porque orara pouco. As duas horas diárias por vezes tornaram-se três ou quatro. Logo após o casamento a primeira surpresa: em segredo o patrão construíra um apartamento para ele e a esposa, mobiliado, e até mesmo com ar-condicionado, telefone e totalmente sem ônus. “É coincidência, ele já estava construindo antes de eu começar a orar”, pensou um ressabiado Jovenito.
No primeiro dia de trabalho após o casamento, nova surpresa: o patrão o promovera de faxineiro a auxiliar de escritório. “É coincidência de novo...”. Passados mais ou menos 45 dias daquele desafio – sem que ele tivesse deixado de orar um dia sequer – o proponente do desafio foi procurá-lo. Toma um susto, pois esperava encontrar o jovem casal vivendo em um quartinho, pois era o que Jovenito havia lhe dito. Ao encontrar o casal instalado em um apartamento muito bem mobiliado, ar-condicionado, telefone, perguntou se ainda tinha dúvidas da força da oração. “Eu ainda tenho dúvida. E na dúvida, eu não vou devolver mais nada não. Quero que consagre este Gohonzon eu até já comprei um oratório!”, foi a resposta.
Isso aconteceu em agosto de 1985 e as dúvidas de todas as ordens nunca o deixaram. Isso o impulsionou sempre a buscar respostas. Tanto que cursou o supletivo, a faculdade, o mestrado e o doutorado. Com a morte de seu mentor e tutor, assumiu a direção da escola. Depois teve a sua própria rede de escolas de Ensino Fundamental e Médio. Mais tarde vendeu tudo e foi dedicar-se à docência superior, ocupando cargos em prestigiosas universidades privadas e públicas.
Criou a sua própria escola de idiomas que está pronta para ser comercializada e franqueada. É coordenador geral de uma Escola de Qualificação na cidade de Macaé há 5 anos, instituição que prepara mão de obra para atuar nas plataformas de petróleo onde já formou e inseriu no mercado de trabalho mais de 10 mil alunos.
Buscou seu passado e encontrou todos os irmãos. Uma das quais é hoje sua companheira de fé budista, associada à BSGI. Carolina, sua esposa, é artista plástica, e seus filhos têm suas vidas realizadas e independentes. “Olho para trás e não acredito no quanto eu andei...”, ressalta o hoje professor doutor Jovenito. “Falo para todos que encontro sobre a capacidade deste Ensino de dar uma vida esperançosa e feliz, pois tenho a oportunidade de falar não como um filme que alguém viu, mas como alguém que viveu tudo isso. Sou extremamente grato ao presidente Ikeda por ter trazido este Ensino para o Brasil; à Lei revelada pelo buda Nichiren, e à BSGI por disseminar essa Cultura de Paz por todo este país para que mais e mais pessoas consigam empoderar-se e tornarem-se capazes de mudar suas vidas”, finaliza o empresário, professor, doutor e grande ser humano, Jovenito.
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