A assistente social Mariana Conceição da Silva, no alto de seus tenros 25 anos é integrante da Juventude Soka
Mariana e seus companheiros da Juventude Soka de Brasília
O Brasil de 2024, embora tenha havido alguma evolução, ainda tem muito o que transformar no que se refere à igualdade racial. Em meio a esta luta, há os que se empoderem e, como Mariana se empenhem para mudar a realidade. Ela é integrante da BSGI e cursa o mestrado em Direitos Humanos e Cidadania/PPGDH, da Universidade de Brasília (UnB), na linha de pesquisa de Políticas Públicas, Movimentos Sociais, Diversidade Sexual e Gênero, Raça e Etnia. Além disso, é a coordenadora do gabinete da Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência contra Mulheres, no Ministério da Mulher.
Natural da cidade do Rio de Janeiro, filha de Ayrton e Sonia, irmã de Arthur e Fernanda, sua história de vida difere bem pouco da de outras centenas de milhares de garotas de sua idade da mesma etnia. Ainda criança mudou-se para Brasília. “Sou filha do meio de três irmãos, sou uma leitora por paixão aos livros e à escrita, amo samba e cerveja”, enumerou. E foi na capital federal que conheceu o budismo e, desde então, vem sendo sua bússola de vida.
Sua mãe é técnica de enfermagem e trabalhava com um médico, que lhe apresentou o budismo. Ele lhe transmitiu a convicção de que por meio desse Ensino, seriam infalivelmente felizes. Confiando em nessas palavras, sua mãe começou a praticar com a determinação de que atravessariam todas as dificuldades daquele momento.
Transformações familiares
A vida da família se transformou totalmente: ambos os pais fizeram a graduação, ela e seus irmãos cresceram nos Núcleos Estudantil e Jovem da BSGI e, em paralelo, as questões financeiras e desarmonia familiar se tornaram coisas do passado.
Oriunda de uma infância de muito bullying devido a sua cor, tinha baixa autoestima, era depressiva e tinha ideações suicidas e, portanto, não tinha a menor crença em si e por isso não tinha amigos. Mas essa realidade mudou quando se tornou membro da BSGI e ingressou no grupo musical feminino Asas da Paz Kotekitai do Brasil. “Fiz amizades e também conquistei objetivos significativos. Dentre eles, a boa sorte de construir a vida acadêmica na universidade pública e trabalhar em prol dos direitos das mulheres. Hoje tenho milhares de irmãs koteki espalhadas por todo o Brasil!”, exultou.
Sua paixão por ler e escrever se reforçou quando conheceu as obras de Daisaku Ikeda, o então presidente da SGI. “Foi lendo o livro Diálogo para juventude: sonhos e esperanças que me emocionei ao perceber que, independente das circunstâncias o dr. Ikeda me respeitava pelo o que eu era. Foi acompanhando o esforço dele para escrever os 30 volumes da Nova Revolução Humana que acreditei que minhas escritas poderiam abrir caminhos para outras meninas e mulheres negras”, contou.
Nasce uma escritora
Foi assim que conquistou uma das disputadas vagas para o mestrado da UnB com o projeto de pesquisa que indiretamente fala sobre a sua vida: Escrevivência e participação social: a escrita das mulheres negras como instrumento de formulação de políticas públicas no enfrentamento à violência contra a mulher negra. Escrevivência é um conceito da escritora Conceição Evaristo, uma das mais importantes vozes afrodescendentes do mundo a clamar pelo fim da discriminação étnica e de gênero.
Ela ressaltou que o budismo é parte de tudo, pois atinge positivamente desde a sua postura como ser pensante até todos os demais aspectos. A oração amplifica sua percepção de mundo e direciona-a nas tomadas de decisão sábias e maduras. “A recitação do daimoku e a postura de uma praticante budista é essencial para que eu possa sobreviver no ambiente de trabalho e nas relações pessoais, bem como de amores românticos, da amizade e da família”, declarou.
Mariana contou também sobre o desafio de ocupar espaços sem representatividade. “Me afeta observar que ainda há poucos lugares com representatividade de pessoas não-brancas. Por conta disso, acabo me cobrando para ser excelente, mas essa cobrança muitas vezes afeta meu bem-estar”, comentou.
A Juventude Soka
“Confesso que o falecimento do dr. Ikeda foi como um rompimento com a Mariana de um ano atrás”, contou. Ao tomar conhecimento do falecimento do Mestre, Mariana percebeu que era a hora de mudar algo para que conseguisse criar condições de jamais deixar que a vida dele tivesse sido em vão. Cuidar de seu legado e transmiti-lo às futuras gerações por meio de seus esforços e conquistas foi a sua decisão. “A partir dessa convicção acredito que a chegada da Juventude Soka é o momento oportuno para confiar no potencial da diversidade do jovem, independente de suas escolhas ou características”, enfatizou.
Seus planos para essa nova era é realizar o que o dr. Ikeda mais incentivou: concretizar seus sonhos. E é exatamente essa a sua meta: publicar, o mais breve possível, um livro contendo todas as suas escritas. “Desde criança amava escrever e ler, e conforme fui crescendo vi a escrita como um caminho de dar corpo e voz aos meus sentimentos. Quando escrevo sinto que posso criar diferentes narrativas e, por meio dela, uma outra vida totalmente diferente e possível. Escrever é revolucionário! Meu desejo é que minha escrita chegue a muitas outras pessoas que tenham passado por desafios como os meus. Que elas se sintam abraçadas e incentivadas a viver e também transformar suas realidades”, finalizou Mariana.
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