Brasil: nação da esperança
No coração do Brasil, pulsa o futebol. Esse sentimento do povo brasileiro ressoa forte em meu ser. (...) Oro sinceramente para que esta Festa da Esperança celebrada nos palcos verdes do Brasil, grande nação da Esperança, seja o jogo que tenha como meta o gol que toda a Humanidade deseja: a paz mundial. (Fragmentos da mensagem do presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda, para a Copa do Mundo de Futebol de 2014)
Por Mônica Kimura*
No metrô paulista, dezenas de olhos colados na telinha dos seus respectivos aparelhos celulares que captam ondas de TV; outros transeuntes que não têm este mesmo privilégio tentam “pegar uma carona” por cima do ombro de um e outro; jovens conversam animados em inglês, espanhol, francês e outros idiomas não identificados, vestindo camisas de seleções diversas. Também diversas são as suas etnias, mas não o bom humor e astral. Um homem mais velho ostenta a bandeira brasileira na mochila e uma senhora da melhor idade comenta o jogo da véspera com a amiga com grandes e largos gestos. Ambas levam nas sacolas o verde-amarelo da nação de chuteiras. Estas e outras cenas similares vêm se repetindo em todos os cantos deste país com mais e maior freqüência a cada dia desta Copa Mundial. Mesmo quem é contra, acaba sendo contagiado, pois a energia que emana desta festa é avassaladora!
Um inglês (fácil identifica-lo pela camisa da seleção britânica) se achega e pergunta em português claudicante: “ita-ita-itacuerao?”. Oriento-o da melhor forma e ele me conta que já foi a três Copas mas esta está sendo amazing (extraordinária). Não é o único. Segundo as crônicas que li, a maioria dos estrangeiros têm exaltado a amabilidade e a hospitalidade do povo. Mesmo em detrimento aos altos custos dos hotéis e restaurantes das cidades-sede. O povo brasileiro e sua incrível capacidade de se entregar e se doar faz dele uma nação realmente amazing!!!
Aos detratores deste mundial – enfatizo que todas as reivindicações são legítimas e válidas – gostaria de ressaltar um ponto apenas em favor e que, na minha modesta opinião, acaba por fazer valer a pena o empenho de todos os envolvidos: o sentimento generalizado de que somos todos, afinal, membros da mesma família humana!
Na mensagem enviada pelo filósofo, pacifista, poeta e presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda especialmente para este mundial, enfatiza que, no Brasil, “pessoas de diferentes culturas e crenças têm suas diferenças sobrepujadas, vivendo em comunhão em uma sincronia perfeita de sentimentos”, e que, “sua democracia étnica, aliada à cultura do futebol, forma uma poderosa e infalível força para criação de uma cultura de paz”. Talvez os detratores deste grande evento do esporte mundial não se atentem para isso, mas a força desta amálgama energética de sentimentos e emoções é algo que contagia positivamente cada coração e mente.
É chegada a hora de darmos valor às nossas faculdades intuitivas – tão pouco cultuadas no Ocidente – e confiarmos no poder de transformação que esta teia energética é capaz de gerar e empreendermos um novo e decisivo passo rumo à nossa plenitude como nação e como país.
É somente resgatando a nossa capacidade de sentir e intuir que podemos oferecer o nosso melhor, visualizando com clareza os gols que cada um deseja para si e para o planeta. Finalizo com um fragmento de uma das geniais crônicas esportivas do magistral Nelson Rodrigues:
Já descobrimos o Brasil e não todo o Brasil. Ainda há muito Brasil para descobrir. Não há de ser num relance, num vago e distraído olhar, que vamos sentir todo o Brasil. Este país é uma descoberta contínua e deslumbrante.
*Jornalista, especialista em Comunicação de Massa pela Universidade Soka do Japão e mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
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