24 de June de 2022

Respeito à rica e diversa cultura popular brasileira

As diferenças entre as pessoas não precisam ser barreiras que ferem, prejudicam e separam. Em vez disso, essas mesmas diferenças entre culturas e civilizações devem ser valorizadas como manifestações da riqueza de nossa criatividade compartilhada. (Daisaku Ikeda)

Adriana sempre cultivou a paixão pela cultura brasileira e vem demonstrando que tal amor não interfere em sua filosofia de vida

Apresentação da banda Asas da Paz Kotekitai do Brasil e Taiyo Ongakutai no Festival Cultural do Nordeste

Adriana Alves Leal Maranhão é uma aficionada pela cultura de seu povo de um modo geral e cultiva com orgulho as tradições da terra em que nasceu. Aos 35 anos, formada em Letras e cursando o Mestrado em Ciências da Linguagem, tem nas suas raízes a base sólida em que formou sua personalidade. “Sempre fui afoita [no nordeste significa muito, em grande quantidade, exagero] festeira, desde novinha”, iniciou Adriana que nasceu num lar budista.


Ela contou que embora seus pais não tivessem uma relação conjugal e que quem realmente a criou tenha sido sua mãe, ela e o pai sempre mantiveram uma relação afetuosa. O pai dela tem fortes raízes no interior onde o São João é uma festa popular que supera o Natal em importância e adesão. “Desde menina vivi o São João e nunca vi a festa como algo que feria a minha essência budista”, explica. Mais tarde, na adolescência, aos 11 anos ingressou na banda feminina Asas da Paz Kotekitai do Brasil e o aprendizado recebido ali, reforçou ainda mais suas convicções. “Aprendi que o budismo é a filosofia que respeita todas as culturas e que as valoriza à medida que são parte da identidade de seu povo”, contou.


Em 2013, a BSGI da região Nordeste realizou um grande festival cultural cujas apresentações trouxeram elementos de todos os estados, formando um enredo de expressiva beleza plástica e cultural. Adriana era a regente da banda e fora informada que elas tocariam a música Praia de Morigasaki, composição do presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda. Quando soube da honra que lhes fora concedida, Adriana decidiu que aquela apresentação representaria o modo como o Nordeste valoriza o budismo e fez um arranjo da música com ritmo de xote. “Muita gente foi contra, mas batemos o pé, eu e muitos outros que acreditam no valor da nossa cultura e, ao final, todos se encantaram!”, exclamou. Além do arranjo, os componentes das duas bandas, masculina e feminina, tinham elementos do tecido de chita – um dos ícones da cultura nordestina – em suas vestimentas.


Foi um marco. A partir daí a resistência às ideias de usar elementos da cultura popular nas ações da BSGI local, foi gradativamente cedendo. “O Brasil é um país tão grande, tão diverso, com uma cultura tão rica, acho que em cada local, as pessoas devem valorizar suas tradições”, ressalta Adriana. O dr. Ikeda utiliza o princípio budista da ‘cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro’, para explicar que a diversidade é importante e necessária, além disso deve ser sempre valorizada, como ele próprio explica: “uma cerejeira é uma cerejeira; um pessegueiro é um pessegueiro. Não precisamos ser todos cerejeiras; assim como cada árvore floresce de um jeito só seu, deveríamos nos empenhar para viver de forma natural, de acordo com seus princípios”.


 São João no Nordeste


Para quem nunca esteve no Nordeste brasileiro na época de São João – dia 24 de junho – não tem ideia do que a data significa. Para o nordestino é um evento essencial de sua cultura e é mais cultuado do que o Natal. Isso porque, é uma tradição que veio para o Brasil trazido pelos padres jesuítas e sobre a qual os povos tradicionais não se opuseram, pois para eles, dançar em volta de uma fogueira já era algo comum.


Já a festa junina resultou de séculos de transformações e adaptações. Iniciou-se como uma festa pagã cujo objetivo era celebrar o momento em que se dava o solstício de verão do Hemisfério Norte. Quando essa festa chegou ao Hemisfério Sul foi ligada ao solstício de inverno. Com o passar do tempo, na Idade Média, essa comemoração de origem pagã, se tornou integrante do calendário católico. Quando a festa pagã foi atrelada ao catolicismo, foi preciso uma justificativa e foi então que se instituiu o dia 24 de junho como a comemoração do aniversário natalício de São João Batista. E hoje é comemorada em todo Brasil.


Mas voltando ao São João no Nordeste, cada estado tem suas particularidades regionais. “Aqui em Pernambuco, principalmente no interior, no dia 24 de junho faz-se uma fogueira no meio da rua, e todos assam milho e dançam com muita alegria, porque o nordestino é um povo alegre por natureza”, explicou Adriana. Ela cita o filósofo russo Mikhail Baktim que defendia que era preciso “adaptar o texto ao contexto”, nesse caso, ser uma budista que segue as tradições de sua fé, mas que respeita e mantém-se fiel às suas origens, sem perder sua essência.


E, como diz os versos finais da canção de Flávio José, Orgulho de ser nordestino:


Eu quero é cantar o Nordeste / Que é grande e que cresce / E você não conhece doutor / De um povo guerreiro, festivo e ordeiro


De um povo tão trabalhador / Por isso não pise, viaje e pesquise / Conheça de perto esse chão / Só pra ver que o Nordeste / Agora é quem veste


É quem veste de orgulho a nação.


Adriana trabalha hoje na Universidade Católica, onde se formou, atuando como tutora do curso de Letras à distância. Embora seja uma instituição ligada à igreja, segundo ela é um local que acolhe diferentes visões de mundo. Promove diálogos inter-religiosos e eventos para discutir os diferentes modos de cultivar a espiritualidade. “Minha prática budista trouxe conhecimento e com isso a sabedoria para poder atuar em diversos espaços. Cresci nos ‘jardins da Soka Gakkai’ e isso me fez enxergar as melhores formas de me posicionar enquanto pessoa em cada local de atuação”, concluiu.

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