05 de June de 2023

Dois bois e uma grande Festa!!!

Duas companheiras da BSGI são aficionadas pelo grande Festival de Parintins e contam como conciliam suas crenças à tradição popu

Emanuely e Victoria contam como conciliam suas crenças à tradição popular de Parintins

Emanuely Queiroz Lopes, estudante de Ciências Biológicas

Victoria Louise Nogueira, Tecnóloga em Radiologia

Localizada no estado do Amazonas, Parintins é um município brasileiro que se tornou conhecido e reconhecido mundialmente por uma grande festa: o Festival Folclórico de Parintins. Não é exagero afirmar que a cidade vive o clima do Festival por todo ano até culminar no evento que dura 3 noites. “Vermelhos”, do Boi Garantido e “Azuis”, do Boi Caprichoso, garantem o clima de folguedo salutar e rivalidade saudável. 


Tudo acontece no Bumbódromo, uma imensa arena com capacidade para 35 mil espectadores e formato de uma cabeça de boi. A festa remonta ao ano de 1965 e hoje é regulamentada por Lei Municipal que assegura que o evento ocorra sempre na última semana de junho. Para quem nunca foi basta imaginar uma imensa arena com 400 ritmistas bastante engajados e totalmente imersos no universo fantástico do evento, tocando dentro do compasso, muito bem ensaiados, acompanhando as canções que aludem à flora e fauna riquíssimas da Amazônia. É um deslumbre do início ao fim. São muitas as temáticas, em especial, a cultura regional, com os rituais indígenas, danças tribais, costumes ribeirinhos e lendas, representadas por meio de encenações, alegorias, trajes e grandes bonecos.


Emanuely Queiroz Lopes, estudante de Ciências Biológicas; e Victoria Louise Nogueira, Tecnóloga em Radiologia, contaram como veem suas interações com os bois Garantido e Caprichoso, ao longo de suas vidas, como aficionadas pela festa e budistas membros da BSGI.


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Emanuely explica que conheceu o budismo aos 9 anos, por intermédio de uma amiga de sua mãe. E desde a sua primeira interação, sentiu-se muito à vontade. “Fiz amizades que levo até hoje!”, contou. Em 2023, a família completará 22 anos de prática budista, “com o coração cheio de gratidão por crescer no jardim da Soka Gakkai!”. 


Ela é do Boi Garantido: “ele roubou meu coração [risos] Já na primeira noite que assisti senti uma energia incrível, que me encheu de vontade de voltar no dia seguinte”, explicou e nunca mais deixou de ir e de ser torcedora do Garantido. 


Essa primeira vez se deu em 2007, levada pela sua avó e, ao longo de 15 dias, participou da festa de boas-vindas que os bois fazem antes de começar as apresentações. “Participei das três noites junto com a Galera do Garantido que é um dos itens que também conta como ponto”, explicou. Emanuely contou que a emoção é algo indescritível, a energia que emana dessa festa é de arrepiar dos pés até “o último fio de cabelo”! Segundo ela é nesse momento que a pessoa se decide para que Boi vai entregar seu coração. “Pelo menos foi assim que aconteceu comigo!”, exclamou. 


Ela contou sobre as particularidades do local: “na verdade Parintins é uma ilha com o nome Tupinambarana, localizada a 369 km de Manaus-AM, podendo chegar no local através de barco ou avião. A cidade é dívida ao meio por de uma linha imaginária que vai da Catedral Nossa Senhora do Carmo até a Arena dos bumbas. O lado Boi Garantido (vermelho) é conhecido como a “Boi do povão” e o Boi Capricho (azul) “Boi da elite”. 


Assim como muitas outras festas folclóricas a origem tem a ver com alguma crença ou tradição religiosa, como o Festival Folclórico de Parintins. Criado por um grupo de amigos ligados à Juventude Alegre Católica (JAC) em 1965, a participação dos bumbas só ocorreu no ano seguinte. No ano em que fui, pude presenciar o Círio que acontece depois de finalizar o festival. 


Emanuely ressalta que sempre teve como fundamento de vida as orientações do presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda, que sempre exaltou o respeito às religiões e culturas. “Por meio desse entendimento eu nunca sofri e nunca tive conflitos. Dentro da BSGI tenho amigos que também vão prestigiar o festival e vão aos ensaios que acontecem durante o início do ano até o mês de junho e sempre que podemos dialogamos. O Festival de Parintins fala muito sobre a nossa cultura indígena e cabocla, da importância da nossa região, de mantermos sempre viva a nossa cultura”. 


No seu entender o Festival vai um pouco além da religião e da disputa entre os bois, é a oportunidade de todos se conhecerem e reconheceram por meio da arte e da riquíssima cultura amazonense. 


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Já a tecnóloga em Radiologia, Victoria Louise Nogueira, é nascida numa família budista. Já são três gerações de mulheres que professam a filosofia humanista da Dignidade da Vida do budismo de Nichiren Daishonin. Sua avó foi quem trouxe a filosofia para o lar de Victória, nos idos de 1982. 


“Creio que para todo amazonense a participação no festival começa desde pequeno, por meio dos pais, que nos iniciam”, contou. Trata-se de uma cultura que é passada de geração a geração. Por morar em Manaus então sempre acompanhou os ensaios junto com a mãe e sempre teve vontade de ir ao Festival em Parintins. O que aconteceu somente em 2022. Para ela, essa ida não foi só a realização de um sonho individual. Ela e a mãe planejaram ir juntas, mas infelizmente, sua amada mãe faleceu, vítima de um câncer, em 2012. “Muitas pessoas vão para brincar e ver seu boi campeão, mas para mim tem um significado a mais, não tem como explicar o sentimento, foi uma forma de me aproximar mais dela e também dessa cultura linda!”, explicou. 


Seu Boi é o Caprichoso, e o motivo, ela não sabe explicar. Segundo ela, há um ditado que diz: “não é a gente que escolhe o Boi é ele que nos escolhe!”. Aquele pelo qual o coração bater mais forte e subir o arrepio na espinha, é o boi do coração. Não há como explicar porquê. “É um boi de pano, veludo e cetim, mas é um brinquedo real, que eu amo de paixão! Por causa dele conheci pessoas maravilhosas que estou levando para minha vida! Pessoas que me ajudaram no meu momento mais difícil, então por isso digo que não sei explicar esse sentimento pelo Boi Caprichoso”, ressaltou.


Assim como a conterrânea Emanuely, Victoria explica que sua paixão pela Festa é parte da cultura amazonense, ou seja, parte dela própria enquanto pessoa humana e ressalta que nunca houve conflito porque “devemos ouvir e procurar tirar as dúvidas, se houverem, mas todos os acontecimentos são formas de transformar e se aprimorar. Para mim não há influência da parte religiosa, pois no budismo já me sinto completa”. Segundo ela, como budista percebe que o amor, o respeito, a aceitação e a diversidade são bem maiores a cada geração. “Uma vez li em um post da revista Terceira Civilização que falava sobre a religião e o bem-estar, que contava sobre três princípios que podiam mudar as pessoas e a sociedade: o autêntico humanismo, a iluminação individual e a universalidade. E apesar de ser uma festa, um festival, tem toda uma luta sendo mostrada e uma forma de ajuda para os povos. E hoje posso dizer que independente da religiosidade que é mostrada, o objetivo é o mesmo, de bem-estar, felicidade própria e transformação social! E mostrar a cultura linda por meio das músicas, danças, rituais e o festival em si que é lindo!”, finalizou.

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