01 de February de 2023

Cidadania planetária e o desenvolvimento sustentável

A educação é a chave para um novo e harmonioso mundo possível de equidade e solidariedade

Educação para o Desenvolvimento Sustentável, Cidadania Global e Educação para Criação de Valor são os temas abordados com a entrevistada para esta matéria especial com a profa. dr. Namrata Sharma. Pesquisadora renomada em educação internacional e detectada, cujo foco se concentra na Índia, Japão, Reino Unido e Estados Unidos. Ela é professora adjunta da Universidade Estadual de Nova York e consultora em educação internacional. As publicações da dra. Sharma integram publicadores acadêmicos de reconhecido destaque. É também Ph.D. em Educação, pela Faculdade de Educação e Sociedade da UCL, Londres, Reino Unido; mestre em Educação pela, Universidade Soka de Tóquio, Japão; e bacharel em Economia pela Universidade de Delhi, Índia. Namrata é ainda, há muitos anos, associado da Soka Gakkai Internacional.


Para início de conversa, perguntamos à dra. Sharma: final de contas, quem é o cidadão global? Como forma de contextualização do conceito, ela iniciou apresentando brevemente alguns dos O bjetivos para o D esenvolvimento S ustentável ou ODS das Nações Unidas. Ressaltou que, dentre as preocupações urgentes para a educação no século XXI, é urgente se trabalhar na questão da conscientização quanto a alguns desafios bastante atuais: as mudanças climáticas, migração por questões de conflito ou condições climáticas e as políticas ultranacionalistas.


Foi em setembro de 2015 que a ONU adotou os 17 ODS , o O bjetivo 4 visa "assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos". Uma das metas no Objetivo 4 se destina à Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) e abordagens correlatas, como Educação para Cidadania Global (ECG). É nesse O objetivo que se concentram as principais ações conscientizadoras, sem o que nada será possível realizar.


Nesse ponto, dra. Sharma, antes de ansioso, solicitou um breve parênteses para relatar um pouco de sua experiência de vida.


Quando meu pai tinha aproximadamente 8 anos, ele e sua família ficaram refugiados durante a divisão da Índia em 1947.Meu pai costumava estudar sob à luz das ruas, frequentemente enfiando seus livros dentro da camisa para se locomover de bicicleta para a escola no inverno gélido e ainda assim, conseguiu criar memórias felizes de sua infância. Sua família de 6 pessoas tinha visitantes regulares no seu quartinho de subsolo uma vez que a comunidade apoiava um ao outro para sobrepujar a pobreza. Um dia, meu avô trouxe para casa um globo terrestre, provavelmente pulou algumas refeições para conseguir comprá-lo e mostrou este globo para seus filhos com intenção de dar-lhes algum senso, eu suponho, da grandiosidade deste mundo.


Enquanto eu crescia na Índia nos anos 1980 e 1990, minhas irmãs e eu escutávamos este episódio muitas vezes e como a maioria das crianças, éramos felizes em escapar de ouvir repetidamente as histórias dos nossos pais e sentindo prazer em ouvir músicas pop americanas e de outras culturas ocidentais. Nós éramos parte da classe média Indiana. Inglês era nossa língua nativa e na escola, o currículo era desenhado aos moldes da época colonial, no qual os alunos tinham uma ampla experiência ocidental na educação. Por exemplo, nós estudamos mais Shakespeare e outras figuras literárias do que poetas locais expressivos, como Rabindranath Tagore.


Mais tarde na minha carreira, especialmente desde que trabalho no campo de Cidadania Global no Japão, Reino Unido e nos Estados Unidos, algumas reflexões críticas desde minha própria experiência como um jovem me fazem ponderar profundamente nas questões sobre quem deve ser considerado um cidadão global. É alguém que fala inglês e tem conhecido grande parte do mundo ou poderia ser alguém que pode não ter viajado o mundo afora, mas se autodenomina genuinamente como um cidadão deste mundo? Por exemplo, meu avô, quem comprou um globo para suas crianças em seus dias de pobreza para lhes dar uma visão e conexão com o amplo mundo. Acho que podemos concordar que o senso de conexão com outras pessoas e seres vivos é um pré-requisito para ser e se tornar um cidadão global. Além disso,


Vários alunos para quem eu lecionei nos Estados Unidos nunca ouviram falar no termo "cidadania global". Minhas aulas online incluem vídeos do YouTube, inclusive este de 2015 que faz um trabalho maravilhoso em capturar o quanto desejo é definir usando suas próprias palavras o significado de cidadania global.


Ela reforçou o quanto o tema Cidadania Global lhe é caro e prazeiroso, pois nelel se encerra o conceito essencial de “ser humano”. Em seu trabalho, busca focar-se na aprendizagem e vivência com outras pessoas, culturas; e propondo educação para cidadania global de criação de valor como uma abordagem de aprendizado que objetiva o desenvolvimento das habilidades dos alunos em viver de forma contributiva, assim não importa quais circunstâncias ocorram na vida, os alunos podem se esforçar em criar valor e significado para o bem-estar de si e dos outros.


Educação para Cidadania Global de Criação de Valor visa a felicidade dos alunos por meio do fortalecimento de suas relações com outras pessoas, culturas, a natureza e o grande mundo.


Portanto é fundamental  promover  o senso de interdependência, humanidade comum e uma perspectiva global. Este pode ser proposto como um primeiro pré-requisito para se tornar um cidadão global, que é entender nossa comunidade comum e desenvolver uma perspectiva global. Ao mesmo tempo, educação para desenvolver cidadãos globais também precisa construir uma sensibilização como cidadãos planetários para mudanças climáticas e outras crises naturais. Além disso, educação para cidadania global requer desenvolver entendimentos socioemocionais com um comprometimento para aprendizagem reflexiva, dialógica e transformadora. Assim como um conhecimento e entendimento que desenvolve um comprometimento para o desenvolvimento sustentável por meio de perspectivas interculturais, que é aprender sobre diferentes pessoas e culturas para construir comunidades mais sustentáveis. “E, finalmente, por meio do trabalho eu proponho que nós precisamos desenvolver um entendimento de paz e não violência como um aspecto central na agenda de direitos humanos”, ressaltou a pesquisadora.


Então, como alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em nosso dia a dia? Namrata explicou que há muitas formas de enxergar os desafios. O desenvolvimento de um diálogo interno ou aprendizagem reflexive propõe a abertura desses caminhos, uma vez que o diálogo amplia visões de mundo e esse é um passo essencial para  se tornar um cidadão global e atingir os ODS. Ela citou, como exemplo, o ensaio do dr. Daisaku Ikeda em que narra o trabalho do Dr. Arnold Toynbee, um historiador britânico, e um relatório deste pensador sobre o estado do povo turco durante uma época em que turcos e muçulmanos eram difamados em muitas partes da Europa. Neste texto, Ikeda discorre sobre os estereotipo da mídia e como estes podem aumentar o preconceito e barreiras entre povos de diferentes nacionalidades e religiões. O ensaio se tornou um curtametragem de grande repercussão no meio acadêmico. A dra. Sharma amplia o debate mostrando o video e realizando uma roda de conversa crítica onde aponta a seguinte questão e perguntas:


O crescimento e desenvolvimento da mídia de massa tem na verdade aumentado o perigo da proliferação de estereótipos e imagem pré-fabricada. Todos nós estamos expostos a tais riscos. É vital que cada um se faça algumas perguntas importantes:



Acredito que este tipo de diálogo interno seja crucial. São questionamentos que podemos relacionar tudo a isto em nossas vidas diárias.


E, por fim, a pesquisadora propõe uma educação que crie cidadãos ativos – pois há uma variedade de modos no qual todos podem se engajar com os ODS enquanto cidadãos ativos. Entretanto, o ponto de partida nessa jornada é fazer a diferença por meio da educação para cidadania global em nosso local, no ambiente imediato. Por exemplo, aprender sobre questões globais relacionadas a direitos humanos poderia ser um ponto de início em questionar ao identificar abusos de direitos humanos conectados com nossa vida diária. Uma forma simples de agir é adotar vestimentas sustentáveis ou só adquirir bens de consumo manufaturados sob normas sustentáveis, ou ainda separar o lixo doméstico (recicláveis e orgânicos).  Namrata questiona seus alunos sempre, incentivando-os a pensar sobre suas ações cotidianas e como cada um impacta diretamente nas vidas de outrem. “Eu sempre fico fascinada com as respostas dos meus estudantes. Para concluir minha participação, gostaria que o público pensasse sobre duas questões:' o que significa ser um cidadão global? ' , e ' como podemos alcançar os ODS em nossa vida diária rumo ae além de 2030? ' ”.

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