27 de March de 2023

As mulheres e a iluminação

A diferença entre os gêneros é uma invenção social, criada por motivos puramente políticos e que é inaceitável nos dias de hoje

A história registra que o modelo de dois sexos em oposição, que infelizmente predomina até hoje, é um fenômeno surgido no final do século XVIII[i]. Até então as diferenças eram puramente anatômicas, ser homem ou mulher era uma condição social e o ser biológico não determinava nada. As diferenças entre os gêneros se davam puramente em grau, não em sua natureza intrínseca. No budismo, a parábola da filha do rei Dragão determina que, para a Lei natural do Universo, ambos os gêneros biológicos são dotados da capacidade latente de atingirem a iluminação e, consequentemente, se tornarem budas.


 A filha do rei dragão


A parábola conta a história de um reino no fundo do mar. Comandando esse reino, oito reis dragões coabitavam o mesmo palácio. Um grande bodisatva chamado Manjushri, em visita ao palácio, pregou o Sutra do Lótus motivado pelo desejo de propagar o budismo. Com isso, muitas criaturas se converteram devido a pureza de suas intenções. Um dos reis dragão, Sagaga, tinha uma filha de apenas 8 anos. A criança ouviu atentamente a explanação do Sutra do Lótus de Manjushri e, devido sua integridade e pureza de coração, imediatamente atingiu a iluminação.


O presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda, assim descreveu a filha do rei dragão Sagaga:


Há a filha do rei-dragão Shakatsura (Sagara, em sânscrito) que acaba de completar oito anos. A sabedoria dessa menina é profunda e ela compreende muito bem as atividades principais e as ações dos seres vivos. Ela domina os dharanis, aceitou e abraçou todo o repositório dos profundos segredos pregados pelos budas, entrou em profunda meditação e compreendeu perfeitamente as doutrinas e, no período de um instante, concebeu o desejo por bodhi e atingiu o nível de não-regressão. Sua eloqüência não conhece limites e pensa em todos os seres vivos com benevolência como se fossem seus próprios filhos. Ela é totalmente dotada de benefícios e, quando concebe em mente e expõe em palavras, é sutil, maravilhosa, compreensiva e hábil. É prestativa, benevolente, dócil, gentil e refinada na vontade e capaz de alcançar bodhi. (LS 12, 187.)


É de suma importância destacar que o sábio Shakyamuni realizava suas explanações de forma a atingir o maior número de pessoas e as parábolas era uma delas. A história da iluminação da filha do rei dragão Sagaga, de apenas 8 anos de idade, quer exemplificar que se trata de um feito possível a todos, mulheres e homens, sem distinção. Shakyamuni deixou esse ensinamento em forma de parábola para que as gerações seguintes tomassem-na como base para suas reflexões e decisões futuras.


Missão das mulheres Soka


Embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido – a igualdade de gêneros de fato – no budismo Nichiren professado pela Soka Gakkai, o que mais se vê são mulheres cada dia mais empoderadas, seguras e determinadas em obter o êxito em todos os campos de atuação, família, escola, trabalho, sociedade. E isso, sem subjulgar ninguém, atuando ombro a ombro com cada companheiro-parceiro-colaborador, dividindo os créditos de seus feitos com alegria e generosidade, sabendo que ninguém pode ser feliz sozinho e, por isso, encara cada dificuldade com a galhardia de quem sabe o que fazer para conquistar naturalmente seu espaço.


O feito da menina-dragão não é uma conquista meramente individual, demonstra de forma lúdica que todos são capazes de atingir o Estado de Buda na forma em que se encontram. A crença corrente era de que as mulheres não conseguiriam se tornar budas. Para obter tal feito seria necessário viver uma existência exercitando exastivamente o autodomínio, fazendo múltiplas ações beneméritas até a morte. Tudo isso para que renascessem como homens para só então atingirem a iluminação.


Nichiren Daishonin, em pleno século XIII, o buda cujo advento maior foi o de revelar a grandeza e a força do Sutra do Lótus como o mais nobre e poderoso ensino de Shakyamuni e legar o mantra Nam-myoho-renge-kyo para que toda pessoa possa de fato se iluminar e se tornar buda, enfatizou em diversos escritos o valor e a relevância das mulheres para a iluminação dos homens.


Finalmente, em gratidão à conquista da iluminação, a menina-dragão fez seu juramento de propagar a Lei Mística a todas as pessoas e, como ela representa todas as mulheres, essa parábola representa a grandiosa missão do contingente feminino da Soka Gakkai em difundir e propagar o budismo por todo o mundo.






[i] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/9704/9704_3.PDF



Voltar para o topo

Outras notícias

March de 2024

January de 2024

December de 2023

November de 2023

October de 2023

Mais notícias

Notícias + lidas

Sede Central da BSGI
Rua Tamandaré, 1007
Liberdade - São Paulo - SP
Brasil
CEP: 01525-001
Telefone
+55 11 3274-1800

Informações
informacoes@bsgi.org.br

Relações Públicas
rp@bsgi.org.br
Informações Gerais
Contatos
Redes Sociais
Facebook
YouTube
Instagram
Twitter
Sites Relacionados
Soka Gakkai Internacional
Daisaku Ikeda
Josei Toda
Tsunesaburo Makiguchi
Cultura de Paz
Editora Brasil Seikyo
CEPEAM
SGI Quarterly
Escola Soka do Brasil
Extranet BSGI